Poem

Poem

ENOUGH

It is enough for me by day
To walk the same bright earth with him;
Enough that over us by night
The same great roof of stars is dim.

I have no care to bind the wind
Or set a fetter on the sea–
It is enough to feel his love
Blow like music over me.

-Sara Teasdale

oh..

oh..

é, eu nao entendo. sempre tive, durante grande parte da minha vida, aquela certeza silenciosa de que eu sabia alguma coisa, que eu sabia sem dúvida alguma o que eu queria ou como eu ia conseguir tudo para o meu futuro. mas agora, as vezes, tenho a impressão de cada vez mais não saber nada. cada minuto que passa leva consigo a marca de uma certeza que já não existe mais em mim, que eu já não lembro de ter pensado ou levado a sério.

hoje foi a marca, talvez a pior de todas, das mudanças que você causou em mim. você me deixou em tal estado de caos que agora apenas você faz sentido. o resto gira, se mistura, deixando minha mente e minhas vontades em constante centrifugação. ontem eu queria você. hoje eu já não sei mais. você tirou de mim parte do meu auto-controle e, agora, eu não sei mais o que fazer ou pensar. ao seu lado, meus atos são sempre superficiais, sempre pensados e calculados. o que aconteceu com aquela parte de mim que suplicava pela vida, pelo espontâneo, pelas atitudes pequenas, pelos momentos insubstituíveis? o que acontece comigo agora? não vou viver do passado, não posso tentar reaver aquela parte de mim, mas o que eu faço daqui pra frente? meus olhos se mantêm fechados pela falta de coesão, pela tontura que me causa ver esse borrão de acontecimentos e pensamentos que você me faz ter. Não. Eu não sei o que fazer..

é..

é..

Se eu parar um pouquinho pra pensar nas coisas como elas são, como elas estão, eu compreendo o quão pequena eu sou em relação ao mundo. Eu sou mais uma no mundo, assim como você, e você e você. E não importa o quanto a gente tente, o nosso futuro (é, bem generalizado mesmo) está sempre nas mãos de alguns, e isso me deixa irritada. Por que o meu futuro não pode ser MEU futuro? Por que eu não tenho direito à uma educação melhor do que essa que meu país me possibilita? Por que a população tem que fazer tudo sozinha quando alguém tá recebendo dinheiro pra fazer isso por nós? Por que eu não posso simplesmente ter aquilo que almejo sem ter que passar por obstáculos, e problemas, e suposições, e papelada, e toda essa enrolação que tá sempre de mãos dadas com a vida? Levei esses pensamentos para esse lado porque eu não sei se ainda estou pronta para comentar sobre o que aconteceu, ou está acontecendo, ou seja lá o que seja isso tudo, sobre o que eu estou realmente pensando. Acho que eu sempre fui meio subjetiva. É toda aquela história de “leia as entrelhinhas”, e eu me acho tão estúpida nessas horas. Não deveria ser o contrário? Eu falando de política simplesmente por falar de política? Eu não deveria estar me preocupando com meu futuro em vez de certas coisas? Minha concentração deveria estar em lidar com isso e ponto final. E mesmo assim, mesmo depois de ditar isso dez bilhões de vezes na minha cabeça, eu to aqui falando de coisas que devia e pensando em coisas que não devia.

É. Eu acho que sempre fui meio estranha..

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Now playing: Mirah – Promise
via FoxyTunes

:S

:S

acho que meu grande defeito, aquele que causa todos os outros, é essa minha mania de me prender sempre aos detalhes. por mais fútil que seja o assunto, minha mente se direciona ao detalhe e fica presa ali, perdendo a visão do mundo, a visão “normal” do que tá acontecendo. eu to começando a questionar minha própria abilidade de me manter em controle quando o assunto é esse, acredito que em mim há coisas que eu nao posso controlar e, poxa, deveria. se eu nao tivesse essa mania de me conter aos detalhes, talvez eu nao ficasse nervosa com tanta frequencia. talvez eu nao tivesse gastrite. talvez meu corpo estivesse apto a aguentar bem mais do que ele aguenta hoje.
talvez minha mente estivesse bem mais segura durante o dia-a-dia, e eu nao pensaria tanto em coisas que eu tenho quase certeza que ainda não aconteceram.
é. meu grande defeito é esse e tá estampado na minha cara. estou brava comigo mesma, logo eu, que sempre me controlei, estou aqui, estourando meus limites e sofrendo por isso.

é..

já foi, já passou..

já foi, já passou..

já foi. já passou. meu medo, a angustia, aquela sensaçao de desconhecido. já foi..
mãos de familiares e amigos me seguram, me tocam numa tentativa frustrada de me mostrar conforto, mas conforto.. ah, conforto.. se eu pudesse ao menos dercreve-lo, lembrá-lo, meus olhos nao seriam o reflexo exato de um mar negro.. já foi, eu continuo me dizendo, repetindo essa frase como se minha vida dependesse disso, e ao mesmo tempo, cada fibra de meu ser se enoja, se rebate, se esperneia, até ter a sensaçao falsa de vitória, quando minha mente desiste e cede lugar para meus pensamentos mais sombrios.
talvez meu mundo fosse sempre essa mistura de negro com um pitada de cinza, talvez nada do que eu vi antes eram cores verdadeiras, apenas ilusões, erros de minha mente, interpretaçao erronea daquilo que estava me cercando. já foi, já passou, então por que o medo persiste? por que eu ainda tenho aquela sensaçao de que a qualquer minuto meu mundo vai desabar?

meu estomago gira, e dança, e me deixa ciente que estou lidando com mais do que deveria. já passou, já passou, se acalme.
paz. talvez nunca mais tenha isso. talvez meus olhos se fechem, e meu corpo se relaxe, mas minha mente nunca vai parar de funcionar, nunca vai parar de me assombrar, nem em sonhos, nem na vida real. talvez paz, agora, seja apenas uma teoria para meu mundo. talvez a cor branca leve consigo todos os bons presságios que eu poderia ter e querer. talvez o negro predomine nessa paisagem excitante e deprimente que é o meu mundo..

já foi, já passou. e eu nao desisto, nao agora.. nao ainda..

um rascunho de meeeeses atras..

um rascunho de meeeeses atras..

o que eu posso te oferecer talvez nunca seja suficiente. talvez por mais que eu tente, dia após dia, hora após hora, segundo após segundo, ser aquela que mais importa para você – talvez, só talvez – nunca seja exatamente aquilo que você esteja procurando. Talvez meu sorriso não seja tão bonito quanto você tenha me falado que é, talvez meus olhos não brilhem como deveriam ao te ver. talvez eu nao te faça ter um arrepio constante na espinha quando sussurro algo no teu ouvido. meu maior medo é que talvez eu realmente faça tudo isso com você, e mesmo assim tenha alguém por aí que faça melhor, que faça com mais vontade, que faça com mais amor.

talvez o meu amor por você não seja suficiente. talvez o susto que levei ao saber que você nao seria mais meu não tenha sido tão forte quanto eu esperava, quanto você esperava, quanto todo mundo esperava. talvez essas minhas palavras sejam coladas em meu cérebro e de uma forma infantil fiquem comigo por mais anos e anos.

talvez você mereça, afinal, um lugar na minha memória. talvez o valor que meu cérebro te deu seja pouco comparado ao valor que meu coração quer te dar.. talvez eu sinta falta.. talvez não.. :/

verão..

verão..

faz falta.

de vez em quando ainda faz falta. eu vejo o mar, o sol, a areia, tudo me convidando para um dia maravilhoso e meu primeiro pensamento é “ele vai estar aí?”. eu me vejo selecionando cada parte da paisagem e conectando-a com algo em nosso passado. as vezes eu chego a fantasiar que em outra realidade você está aqui, me confortando.

incrível como a falta de alguém nos afeta da forma mais inusitada. posso estar em outro continente, em outro planeta, com mil pessoas ao redor me chamando para sair, e mesmo assim, naquele instante de decisão, minha primeira condição é você. quando estou mal, imagino como seria com você ao meu lado, e dessa forma eu paro de chorar. me pergunto se meu sorriso seria mais brilhante se fosse você o motivo dele. me pego pensando se minha pele seria mais macia se fosse você quem cuidasse dela. as vezes meus pensamentos me seguram e me vendam, e dessa forma me jogam no meio de uma auto-estrada, sem ação.

pensar em você é me paralisar. minha respiração se torna mais ofegante e meu corpo parece lutar com todas as forças para se manter no lugar. logo eu, que nunca desviei de meus princípios, que nunca imaginei experimentar algo assim com uma idade tão nova, que nunca sequer quis ter cada momento de alegria que você me deu e ainda dá. logo eu, que por mais inteligência e conhecimentos que possua, não consigo descrever com as palavras certas o que você me causa. caio de joelhos no chão e olho para cima. cada gota dessa chuva de verão me parece impregnada de palavras e imagens e sensações, todas que me ligam a você. e elas caem em mim como uma tempestade, uma tempestade furiosa, uma tempestade furiosa de você.

pergunto ao Deus, qualquer Deus, se isso um dia para, e levo o silêncio como algo ao meu favor. não quero escutar a resposta. eu sei que seu nome está tatuado em minha pele, e sua imagem esta congelada em meus olhos. não importa aonde eu esteja, como eu esteja, nunca vou esquecer de ti, nem mesmo conseguir fingir. é inútil lutar contra isso, e qualquer um consegue perceber..

I will read ashes for you, if you ask me.
I will look in the fire and tell you from the gray lashes
And out of the red and black tongues and stripes,
I will tell how fire comes
And how fire runs as far as the sea.

(Carl Sandburg)

 I need to build a wall around my thoughts. That seems to be the only way to talk to you without getting hurt by my own innocence. Without understanding that believing that you will actually behave as a human being in my presence is total bullshit.

Enivrez-vous!

Enivrez-vous!

Esse ano foi maravilhoso. Parece que toda aquela ladainha de carma realmente funcionou dessa vez, e me deu toda a alegria que eu nao tive no passado.

De uma forma bem distorcida, eu consigo ver cada ponto negativo dele como algo positivo, muito positivo. Eu sei que de certa forma meu sofrimento e minhas dores foram muitas, ou melhor, muito intensas, mas 2007 inteiro me dá cerca de mil razões para crer que esses sofrimentos estão em segundo, quarto, décimo plano. Como sempre, aprendi. Sobre meus limites, sobre as pessoas, sobre comportamentos e sofrimentos, mas nada disso me faz querer elaborá-los. Aprendi que nada na vida é para sempre e que a hora vai chegar. Hora de quê? De qualquer coisa. Nesse momento, chegou a hora de deixar minha infância, minha adolescencia aborrecente, minhas idéias e meus atos incautos para trás. Agora chegou a hora de seguir em um ano que vai determinar o meu futuro.

Seguir esse caminho pode ser cansativo, e eu já percebi que a tensão será gigante. Acho que sei o que esperar: Primeiro, muitas aulas. Aulas daquelas que parece que nunca vão acabar. Segundo, desvio mental. Ninguém consegue ter aulas 6 dias por semana e ainda conseguir sair com os amigos, que é basicamente tudo o que minha mente está pensando nesse momento. Terceiro, dúvidas. Vou duvidar de mim até não poder mais, vou me pegar pensando durante o dia sobre como eu vou conseguir ou fazer certas coisas. Mas vou lidar com isso, vou passar por cima, vou estar ávida para isso, tudo por causa da Maturidade, o Quarto desta lista. Que ela me encorpore, me envolva, me abrace e me prenda, para nunca mais sair. É com ela ao meu redor que eu vou conseguir ser a mulher que eu tanto sonhei ser quando pequena. E quinto: stress. Stress, stress e stress, miil vezes o stress. Vou virar amiga do stress, vou ser sua cúmplice, sua amante. Vou dormir com ele e acordar com ele, para passar o dia inteiro pensando nele. Pode parecer meio atroz, mas é a realidade, e acho que meu corpo e mente estão crescidinhos o suficiente para escutar a realidade.

Acho que esses cinco pontos do ano de 2008 me fazem ter uma visão meio inócua do que ele será. Eu sei o que vou pensar, sentir e querer, e também sei como vou agir, reagir ou imaginar. Mas acontece que isso não me parece suficiente. Acredito que a vida me cega para os pontos mais importantes, como uma noite qualquer decidindo o meu futuro antes de dormir, ou a angústia de fazer uma prova e não saber o resultado. E serão esses pontos que realmente vão fazer a diferença. Mas não sou masoquista, não gosto de sofrer por antecedência, então deixo esses momentos passarem, deixo-os para depois, eu confio em mim e acredito que nada irá me desviar desse caminho que desejo seguir.

Acho também que 2008 vai ser o ano onde as coisas vão tomar lugar, onde o tempo passando rápido vai ser normal, onde passar horas conversando sobre literatura, política ou biologia será agradável. Acredito que minha vontade de ser a melhor, a vontade de me surpreender, aquela sensação de auto-realização, tudo isso vai se revelar, pela primeira vez, nesse ano de 2008. E a primeira vez a gente nunca esquece.

Então, querido 2008, peço que me deixe pasma com todo o meu conhecimento, todo o meu sucesso, todo o meu sofrimento e toda a minha alegria. Espero que você faça jus ao que eu já tenho em mente, mas também espero que você se torne o mar leviano, o qual de uma hora para outra me engole com uma onda e me permite voltar a superfície com ainda mais vontade de viver. Espero que você me ensine, me mostre, me demonstre, me peça, me qualifique, me dê os meios, me mostre o caminho. Estou confiando em você para me moldar, me deixar melhor, mais matura, mais responsável, mais mulher.

Resumidamente: Eu nao tenho uma visão ruim do ano que está por vir. Mas também nao tenho uma visão boa. Estou neutra até então, pensando que nas horas ruins, eu irei me virar, e nas boas, comemorar. Por esse e muitos outros motivos, nada melhor do que fabuloso Charles Baudelaire para o motto desse ano:

Enivrez-Vous

Il faut être toujours ivre.
Tout est là:
c’est l’unique question.
Pour ne pas sentir
l’horrible fardeau du Temps
qui brise vos épaules
et vous penche vers la terre,
il faut vous enivrer sans trêve.
Mais de quoi?
De vin, de poésie, ou de vertu, à votre guise.
Mais enivrez-vous.
Et si quelquefois,
sur les marches d’un palais,
sur l’herbe verte d’un fossé,
dans la solitude morne de votre chambre,
vous vous réveillez,
l’ivresse déjà diminuée ou disparue,
demandez au vent,
à la vague,
à l’étoile,
à l’oiseau,
à l’horloge,
à tout ce qui fuit,
à tout ce qui gémit,
à tout ce qui roule,
à tout ce qui chante,
à tout ce qui parle,
demandez quelle heure il est;
et le vent,
la vague,
l’étoile,
l’oiseau,
l’horloge,
vous répondront:
“Il est l’heure de s’enivrer!
Pour n’être pas les esclaves martyrisés du Temps,
enivrez-vous;
enivrez-vous sans cesse!
De vin, de poésie ou de vertu, à votre guise.”

and there is nothing left to do
but to kiss once again, and part
nay, there is nothing we should rue,
i have my beauty – you, your art,
nay, do not start.
one world was not enough for two
like me and you.

(Oscar Wilde)

pois então acho que já era, né. minha mente mudou, ou ao menos está começando a mudar, e não há nada (nem ninguém, pelo visto) que vai tentar mudar o caminho das coisas, para aquele que eu tentei seguir por tanto tempo. acho que minhas palavras valem muito para mim, e muito pouco para aqueles a quem as direciono. preciso escolher com mais cuidado não só as palavras, como as pessoas. a partir de agora escreverei pouco, ou melhor, escreverei com pouco significado. como há pessoas que tendem não entender o espírito e o impacto de cada frase em minha vida e meus sentimentos, e por consequencia, em suas próprias vidas.

e, por mais que me machuque e me corroe, ainda há esperanças. uma esperança fina e fraca, que nao depende de mim. que nao PODE depender de mim.